Talvez a busca pelo “equilíbrio e moderação” seja o maior e mais grave equívoco na Nutrição. Maior até do que a pirâmide alimentar que nunca funcionou, o medo da gordura saturada ou a tese do balanço calórico como controlador do nosso peso.
É até engraçado quando alguém diz que “o nutricionista recomendou 3 castanhas depois do almoço”. O ser humano foi feito para comer ou zero ou 38 castanhas, jamais 3. O profissional que tenta “melhorar” o ser humano é um profissional que não sabe lidar com a realidade.
Sentar-se à mesa e se entupir de comida, como fazemos no Natal, por exemplo, é algo COMPLETAMENTE NATURAL. Não é só normal, é saudável! Sim, acredite! Comer dessa forma é completamente esperado. Não é questão de gula ou baixa força de vontade! O que NÃO é natural é JUSTAMENTE não comer demasiado!
Quando olhamos a natureza, temos que animais herbívoros têm linearidade na oferta de alimento. Mas observe os onívoros (como nós) ou os carnívoros. Na oferta de alimento, eles se acabam de comer. Foi a natureza quem tornou a esbórnia alimentar algo intermitente, irregular. Se o cenário fosse de estabilidade (como é com uma zebra ou com um boi, por exemplo), a natureza nos teria dado o MESMO mecanismo de controle do que seria excessivo. (*e aqui um porém, o pecuarista, que sabe de engorda mais do que um nutricionista sabe de emagrecimento, a oferta de grãos/amido cria uma condição ótima que DESREGULA um mecanismo que a natureza criou. E, ainda assim, a diretrizes nutricionais acham uma boa ideia comer grãos no emagrecimento).
Comer muito SEMPRE foi exceção (essa é a ideia por trás de banquetes das datas especiais). É a modernidade quem permite que eu possa todos os dias comer, pães, um frango inteiro a R$3/kg, tudo isso bebendo 2L de refrigerante, uma dieta que nem os mais ricos do planeta poderiam sonhar algumas décadas atrás. Resultado? Explosão de obesidade.
E por fim, e acho o mais importante, é que a segunda orientação mais dada, a de se movimentar mais, NÃO ENCONTRA SUPORTE na realidade.
Sempre foi a NORMA comer demasiado quando possível. E isso gera letargia. Quem já teve cachorro, já viu uma cobra ou já comeu feijoada sabe do que estou falando. E aqui algo que parece estranho: é JUSTAMENTE quando temos uma grande fonte de energia (exógena) é que ficamos mais lentos (queda endógena)! Isso é o cérebro avisando ao corpo que não precisamos mais ser ativos para encontrar comida.
Por isso é um ENORME erro INTERPRETATIVO querer que uma pessoa com sobrepeso seja MAIS ativa. Esse indivíduo tem tamanho estoque energético (endógeno) que o corpo cronicamente pede, implora por sedentarismo.
Não é que o sedentarismo leve ao sobrepeso. É o sobrepeso quem leva ao sedentarismo! Enquanto não entendermos o BÁSICO, não poderemos seguir adiante.
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Danilo Balu
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