Tempo atrás eu vinha sentado em um ônibus e à minha frente havia duas mulheres. Uma bem gordinha, mal cabia no assento. Sua amiga era magra. No meio do trajeto a gordinha abre uma lancheira térmica, puxa um entre 3 tupperwares e tira um garfo plástico para comer frutas.
Apesar do enorme sobrepeso, ela tinha uma missão que o inconveniente de ser em um ônibus, ainda que vazio, não podia ser postergada: dar umas garfadas para comer alguns pedaços de frutas. Essa garota não tinha fome. O tamanho dela me faz ter certeza que se tivesse, ela teria que comer mais, comida na lancheira não faltava. Aquilo era uma tarefa, claramente instruída por um especialista.
É irônico que ano passado o Nobel vá para um defensor do jejum e o deste ano a um que estude o ciclo circadiano (relógio biológico). É tudo muito lógico que dentre as duas que vinham à minha frente, a com grande sobrepeso fosse a instruída a comer melhor e menos vezes. Mas na lógica da nutrição essa mulher tem que comer mais vezes! Faz sentido?
NENHUM, eu sei! Você não precisa me responder! Os americanos quando passaram a comer mais vezes viram explodir os índices de obesidade. As diretrizes estão erradas? Dirão que não, dirão que eles não comeram melhor. A culpa é sempre de quem tomaria o remédio de forma errada, não de quem prescreveu um remédio nunca testado.
Saí de lá com a certeza que aquela mulher vai continuar mal cabendo no banco do transporte público ainda que ela faça tudo o que o especialista mande. É bem triste. É desesperador.
*a magra não comeu um pedaço de fruta sequer. Coincidência?
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